não se deixe levar pela morte

Capítulo 14 - e último

Seus olhos se fecham e uma expressão serena é tudo em que há em seu rosto, um jeito estranho de demonstrar que uma notícia importante está prestes a ser anunciada em voz alta.
- Bem, todas são muito difíceis, mas são as únicas que você tem. A primeira é encontrar e matar Erick, coisa que é praticamente impossível, por mais poderosa que seja. A segunda é seguir sua vida normalmente, mas levando sempre o sofrimento e a culpa consigo, até na sua morte, dependendo das condições. E a última, a mais difícil, porém a mais simples, é você morrer nas mãos de Erick.
Todas possibilidades são difíceis e uma é mais absurda que a outra, porém impossível eu matar Erick, se não tenho poder nem para encontrá-lo. Se continuar vivendo enlouquecerei, então...
- Minha escolha é morrer.
- Você tem certeza? Você tem que chamar Erick para isso, porque se qualquer outro a matar, sua alma não irá em paz.
- Então eu o chamo.
Sem nem mesmo saber, dizendo essas palavras, chamei Erick.
Aqui está ele, mais uma vez cara a cara comigo, mas dessa vez meu anjo segura minha mão e meu sofrimento vai acabar, em vez de começar.
- Mate-me.
- Com todo o prazer.

Não tenho medo da morte, porém ela me assusta um pouco, mas sei que nada pode ser pior do que viver sofrendo assim, sozinha. Então vou me entregar e abrir meus braços a esse como me entreguei ao meu doce e falecido Drake.
Começo a cair em um véu macio, que é frio, porém me é muito acolhedor. Minha visão fica turva, mas enxergo tudo branco, em um tom leitoso.
É estranho. É maravilho. É um lado das coisa na qual eu nunca tinha notado. Pois toda dor, ódio e sofrimento somem. O que toma seus lugares são a indiferença, a calma, a simplicidade e a paz de espírito.
Me sinto bem, de um jeito como nunca havia sentido antes.
É como se tudo tivesse acabado, me jogo num abismo de escuridão.
Não sei o que há no caminho, mas sei que no fim meu pai e Drake me esperam, e talvez parte da alma roubada de Camille também.
Tudo está bem. Tudo está em seu lugar.
Não sabia que era tão fácil morrer.


End.